Ansiedade é reação ao que vem com a gente, faz parte dos nossos antepassados, ela é um ganho evolutivo. Há milhares de anos, quando nossos antepassados viam, por exemplo, um leão, tinham que fugir. Por isso seus corações aceleravam para que mais sangue pudesse ir para os músculos. Suas pupilas dilatavam para que entrasse mais luz nos olhos e eles enxergassem melhor nesse momento de emergência. Mais sangue ia para órgãos internos e menos para a pele. Alguma semelhança conosco? Quando avistamos uma ameaça, que não é mais um leão – pelo menos no Brasil - , mas sim um chefe irritado ou um boleto atrasado – que são nossos medos de hoje, por exemplo, também ficamos com o coração acelerado, os olhos arregalados, a pele pálida. Somos corpos de milhares de anos atrás.
Mas se ela nos ajudou a sobreviver, porque é remetida a algo tão ruim hoje?
Nunca antes estivemos submetidos a tanto estresse por tempo tão prolongado. Essas emoções relacionadas ao medo, que funcionam muito para nossa espécie em períodos de emergência, se tornaram nossas companheiras de vida. Ou seja, uma emoção que era para aparecer somente em situações de eventual medo (não tão frequentes), acontece constantemente por causa da forma como a gente organiza nossa vida: correria, muitos deslocamentos, transporte cheio, trabalho de muitas horas, contas, cuidar da casa, cuidar da família etc. E isso sim nos adoece, não a ansiedade em si. Nossa vida é caótica e a ansiedade é como respondemos a isso.
Escrito por Maria Martha Gibellini
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