William James e Carl Lange propuseram uma relação entre experiências emocionais e processos corporais e argumentaram que a experiência emocional surgia da percepção das mudanças no corpo. Para os autores, existem três passos essenciais na produção de uma emoção: 1º - alterações somáticas desencadeadas pelo estímulo; 2º - essas mudanças são detectadas por receptores sensoriais periféricos e transmitidas ao cérebro; 3º - o cérebro gera a atividade que é necessária ao sentimento de uma emoção. Assim, as emoções não apenas levam o homem a realizar atos exteriores, mas provocam alterações características nas suas atitudes, na sua fisionomia e nas mais diversas funções orgânicas.
O fisiologista Walter Cannon, ainda propôs o conceito de uma “reação de emergência”, que é uma resposta fisiológica específica do corpo que acompanha qualquer estado no qual a energia precise ser empregada. A reação de emergência, ou resposta de “luta ou fuga”, é então uma resposta adaptativa que ocorre em antecipação e em serviço ao gasto de energia, como é frequentemente o caso nos estados emocionais. Cannon acreditava que as respostas corporais que compõem a reação de emergência eram mediadas pelo sistema nervoso autônomo simpático. Assim, o avanço dos estudos em neurociências refutou cada vez mais o conceito do dualismo, mostrando a ligação do funcionamento e regulação de estruturas cerebrais, como o sistema nervoso autônomo, pelo controle emocional.
Além disso, diversos estudos demonstraram que o sistema imune influencia e é influenciado pelo cérebro. A psiconeuroimunologia tem suas origens no pensamento psicossomático e tem evoluído no sentido da realização de investigações de complexas interações entre a psique e os sistemas nervoso, imune e endócrino. Na década de 20, uma série de estudos com animais sobre as interações entre o cérebro e o sistema imune foi conduzida pelos alunos de Pavlov, indicando que a resposta imune poderia ser influenciada por condicionamento clássico.
Nas décadas de 50 e 60, diversos estudos sugeriram que o estresse psicológico poderia aumentar a suscetibilidade às infecções e exacerbar doenças autoimunes, tais como lúpus e artrite reumatoide. Em 1964, George Solomon apresentou o termo psicoimunologia em no artigo “Emotions, immunity and disease: a speculative theoretical integration”. Em 1975, Robert Ader (psicólogo) e Nicholas Cohen (imunologista), demonstraram definitivamente o condicionamento clássico da função imune, marcando assim o início de uma nova abordagem multidisciplinar intitulada psiconeuroimunologia. Assim, seguiu-se a publicação de diversos grupos de pesquisa que demonstraram, entre outras coisas que células imunes possuem receptores para neurotransmissores e que o estresse pode comprometer a função imune. De fato, sabe-se que o estresse crônico suprime a função, o que prejudica a capacidade do organismo de enfrentar efetivamente as doenças.
Escrito por Milena Lobão
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